"Comentadores, cronistas, jornalistas simpatizantes mas também críticos do Governo não param de atribuir muitos dos erros da governação à «falta de explicações» das medidas por ele tomadas. Como se as «explicações» mudassem magicamente a natureza das iniciativas, tornando-as subitamente justas quando a opinião pública as considera porventura injustas. Podia-se julgar que o Governo não explica porque não precisa de explicar. E porque não precisa de explicar? Porque, de qualquer modo, o povo vai obedecer. Por ignorância, hábito, submissão ao poder do saber e medo do poder tout court. O Governo apostaria assim numa certa «estupidez» inerente à iliteracia que grassa no povo português. Para quê explicar se «eles» não compreendem nem se esforçam por compreender? Seria esta uma das razões que levam tantas vezes os nossos governantes a tomar-nos por «parvos», quando dão «explicações» tão evidentemente falsas que se vê logo o ludíbrio por trás. (...)"
In Visão nº 1073
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