«TER PÁTRIA NÃO É NASCER NUM CERTO SÍTIO, É TER DE COMER, TER CASA, ESCOLA, ASSISTÊNCIA MÉDICA». Av. Dr. Magalhães Lemos. Edifício Impacto, Bloco 21. befelgueiras@gmail.com Telemóvel 917684030
Balanço das eleições 2009
As eleições não são um fim em si mesmas – são um meio para atingir um fim – ganhar eleições é só o primeiro passo para trabalhar em prol das populações e do seu bem-estar.
Pretendemos com este texto contribuir para a discussão, compreensão e balanço sobre as eleições deste ano de 2009 (europeias, legislativas e, principalmente, autárquicas).
Objectivos – atingidos ? Sim ou não?
A embalagem tomada nas europeias – com Magníficos resultados – aterrorizou a direita e os comentadores conservadores. A triplicação da representatividade colocou o BE na órbita do poder. Houve logo uma campanha contra o Bloco. Este foi confrontado com o seu programa de governo que foi atacado por todos os sectores da sociedade portuguesa. O Bloco tornou-se uma ameaça aos partidos, ditos, do arco do poder; aos negocismos do bloco central dos interesses económicos e um alvo a abater. O país apercebeu-se que o PS podia ficar nas mãos do Bloco e isso aterrou-o!
À embalagem tomada nas legislativas com extraordinários resultados (duplicação do número de deputados) pode e deve aplicar-se o raciocínio efectuado para os resultados das europeias. Também nestas eleições houve boa visão e estratégia, conseguimos claramente marcar a agenda política nacional.
O discurso de lucidez, clareza e radicalidade obteve votos, pois as propostas agradaram às pessoas. A duplicação dos resultados no parlamento nacional e a triplicação no parlamento europeu são, disso mesmo, prova insofismável.
Quando se vota, vota-se também na oposição. Não se vota só em quem tem o poder, vota-se também com confiança e convicção na oposição que vai fiscalizar e apresentar sugestões ao poder político. O BE personifica esta oposição.
Perdeu-se nas Autárquicas!
– Perdeu-se força, capacidade de empenho e de sofrimento
Os resultados das autárquicas fizeram-nos descer à realidade e trouxeram-nos amargos de boca.
Mesmo nas apostas máximas em Lisboa e no Porto – perdeu-se em toda a linha pois os resultados foram medíocres.
As candidaturas em concelhos atípicos como o nosso (onde houve uma inflação de candidaturas) não facilitou o trabalho mas também não deve servir-nos de desculpa. Há que reflectir sobre os porquês destas votações tão abaixo das nossas expectativas. Se é verdade que subimos em números absolutos e em percentagem não é menos verdade que não conseguimos a eleição de um representante para a Assembleia Municipal.
Temos a noção que o voto útil funcionou para afastar Fátima Felgueiras do poder e, desta vez, beneficiou grandemente a coligação de direita (PSD/CDS) que atingiu a maioria absoluta. A dispersão de votos por sete candidaturas também não nos beneficiou pois implicou uma pulverização dos partidos mais pequenos. São as pessoas e o seu empenhamento que fazem grandes ou pequenos os partidos.
Temos consciência dos parcos recursos, materiais e humanos (número reduzido, pouco empenhamento, períodos de trabalho, estudo e mesmo férias) e das suas consequências negativas nas nossas candidaturas.
Constatamos que os resultados das autárquicas são, no todo nacional, uniformes. Os resultados foram análogos em locais onde apresentamos bons ou maus candidatos – podemos considerar, genericamente, que foi um falhanço total face aos objectivos pretendidos. Falta estrutura autárquica ao Bloco de Esquerda! Faltam campos de proximidade com o concreto; com as pessoas – ouvir/escutar as pessoas e os seus problemas. A simpatia do Bloco tem de ser capitalizada em apoios concretos às suas propostas válidas e isso tem de traduzir-se em votos, foi isso que faltou nestas autárquicas!
Se a nível nacional as eleições se disputam a cinco (forças com deputados eleitos) a nível local, praticamente, disputam-se a apenas dois (PS e PSD). Entre quem tem o poder e a obra feita e entre quem pode ser poder e fazer essa mesma obra. As relações são polarizadas na personalidade do candidato e nas suas ligações pessoais. Muitas vezes não são os candidatos às Câmaras quem ganham as eleições mas os presidentes em exercício que as perdem. Quando o povo está farto; saturado das teias de interesses e cumplicidades que os poderes sempre tecem.
Sabemos que muitos dos nossos votos foram, em eleições anteriores, votos de protesto e isso teve, agora, os seus custos. Mas comparativamente às autárquicas anteriores (só se podem fazer comparações entre eleições do mesmo tipo) crescemos em termos de votos convictos e politicamente consolidados.
As agendas políticas concelhias devem alargar o seu âmbito local ao regional e ao todo nacional. Deveremos cuidar as políticas de comunicação (rádios, jornais, internet). A comunicação social muitas vezes distorce a realidade (por exemplo, quando no debate da Rádio Felgueiras, afirmámos que, se se for a favor da cobertura do saneamento e do abastecimento de água ao domicílio a 100% é ser radical, então somos radicais, logo alguns jornais escreveram: que nos apresentamos como radicais, pois dá jeito associar um candidato ao radicalismo e contribuir, assim, para o eliminar.
A crise económica mantém-se e com ela o radicalismo da direita nos ataques aos apoios sociais aos mais desfavorecidos. Nas épocas de crise recrudesce a reacção da direita, particularmente do CDS, contra os mais fracos: os pobres, os emigrantes, os desprotegidos. Crescem as demagogias populistas mais reaccionárias pelo que o Bloco terá um papel importante neste combate.
Os movimentos sociais devem marcar a agenda política pois é aí que se faz a política real.
Devemos alargar e consolidar a base de apoio do nosso partido promovendo uma campanha de adesões ao Bloco de Esquerda de Felgueiras.