pode-se até enganar algumas pessoas, durante o tempo todo;
mas não é possível enganar todas as pessoas durante o tempo todo.»
Enquanto preparo o farnel para a epopeia do próximo sábado, vêm-me à memória as célebres palavras do presidente, Abraham Lincoln, sobre as possibilidades de ludibriar os compatriotas.
A manifestação do próximo fim-de-semana não é por uma causa corporativa, mas sim por uma causa de todos nós, cidadãos empenhados em não hipotecar o futuro das novas gerações de portugueses, cidadãos que percebem a importância de ter uma classe docente valorizada, social e politicamente reconhecida, sem a qual não será possível assegurar um ensino de rigor e qualidade que possa constituir um pilar de uma sociedade moderna e genuinamente democrática.
A manifestação do próximo fim-de-semana é contra o ambiente que hoje se vive nas escolas públicas portuguesas. Os professores sentem-se desmotivados, cansados por um quotidiano de trabalho onde a dedicação ao ensino e aos alunos é cada vez mais lateral, absorvidos como são por tarefas burocráticas, por horas a fio de reuniões, por uma sobrecarga de incumbências que em nada contribuem para a melhoria efectiva dos resultados escolares. É contra o desprezo e a subjugação dos professores que o Ministério da Educação tenta impor através da enxurrada de legislação que despeja sobre as escolas tentando torná-las massa amorfa e obediente sem a mínima capacidade crítica ou livre arbítrio.
A manifestação do próximo fim-de-semana é pela dignificação − e contra o silenciar − de um grupo socioprofissional altamente qualificado que o governo entende necessário abater pois tem uma importância vital numa sociedade que permanece a braços com um enorme défice de conhecimento e de qualificação.
A manifestação do próximo fim-de-semana é pela defesa e pela dignificação da escola pública que não se resolve com qualificações da treta nem com computadores baratos, oportunistas e negociatas menos claras. É contra o fabrico de sucesso escolar artificial e fraudulento, obtido em exames nacionais simplificados ou por meio da pressão que o actual modelo de avaliação dos docentes exerce para estes inflacionarem as classificações dos seus alunos contribuindo, assim, para a imbecilização crescente dos alunos, sujeitos a lógicas de sucesso sem conhecimento. Face a uma tal manipulação, constata-se como é falsa a acusação de serem os professores os principais responsáveis pelo insucesso escolar dos jovens portugueses. Verifica-se, pelo contrário, que os professores estão a remar contra muitas marés que têm conduzido a esse resultado, e que a maior parte delas emana do próprio Ministério da Educação.
Se, como escreveu Fernando Savater, “A primeira credencial requerida para se poder ensinar, formal ou informalmente e em qualquer tipo de sociedade, é ter-se vivido: a veterania é sempre uma graduação.” Porque são coagidos os professores a abandonar uma profissão que adoram e aceitarem penalizações gravosas sobre pensões de reforma para toda a vida?
A vida dos professores nas escolas tem-se vindo a transformar num inferno. A missão dos professores, que é promover o saber e o bem colectivo, está hoje drasticamente prejudicada por uma burocracia louca e improdutiva, que os afoga em papéis e reuniões e os deixa sem tempo para ensinar. A carga e a natureza do trabalho a que se obrigam os professores são uma violentação e um retrocesso a tempos e a processos que a simples sensatez reprova liminarmente.
A experiência mostra que o problema do ensino é demasiado sério e vital para o abandonarmos ao livre arbítrio destes políticos. “Bolonha”, a que este Governo aderiu, ou a flexibilização das formações, que este Governo promoveu através do escândalo das “novas oportunidades”, não se afastam, nos objectivos, dos tempos da submissão ao evangelho marxista, ou seja, os interesses das crianças e dos jovens cedem ante a ideologia dominante e o resto só conta na medida em que seja eleitoralmente gratificante.
Assim,
contra a instauração de um regime de burocracia e terror,
para salvaguardar a sanidade mental e intelectual dos professores,
lá estarei, de novo Sábado, dia 8 de Novembro, para o protesto, para a resistência e para a luta como um imperativo a que ninguém tem actualmente o direito de se furtar.
J Santos Pinho
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