«Não cabeu!»
“Do Professor, os jovens não exigem omnisciência.
Sabem que ela é inatingível.
O que eles reclamam é dedicação”
Highet
É de todos conhecida a velha anedota do aluno que tendo errado o respectivo tempo verbal foi, pela professora, obrigado a escrever três dúzias de linhas com o correcto «não coube». Ora acontece que, aquando da correcção do TPC, o aluno apresentou – orgulhoso – uma imaculada e completa página com o «não coube» ocupando as suas trinta e cinco reluzentes linhas. Questionado sobre o porquê de não ter realizado as trinta e seis vezes pretendidas, respondeu, serena e olimpicamente: – “Senhora Professora não o fiz porque não cabeu”!
Pois é. Decididamente uma escola não é uma fábrica de enchidos. E fazer chouriços, perfeitamente calibrados, parece tarefa mais propícia a governantes do que a professores. Era assim a escola do antigamente – repetitiva, amorfa e obediente – sem discernimento nem capacidade crítica. É a escola que, hoje, nos querem impor: subserviente a chefias resultantes de clientelas! Nunca o poder com propensão autoritária conseguiu conviver com o livre arbítrio dos cidadãos. A escola pública de qualidade não poderá, nunca, ser simples depósito de crianças e de adolescentes nem fábrica de «sucesso escolar» estatístico.
É evidente que os professores deste país foram as cobaias de um ataque aos direitos laborais, segundo uma receita de efeitos garantidos: uma campanha inicial de difamação orquestrada com a cumplicidade de uma comunicação social subserviente, que visou justificar, no plano retórico e propagandístico, a redução sistemática de direitos no plano jurídico.
Esta tentativa de «domesticação» levou o governo a aprovar um novo modelo de gestão escolar que se traduz pela redução ainda maior da democracia nos estabelecimentos de ensino, pela diminuição drástica da influência dos professores, atirados para uma posição subalterna nos órgãos directivos, pela sua subordinação a instâncias externas, muitas vezes movidas por interesses opostos ao rigor e à exigência do processo educativo. Os professores são o campo de ensaio de um governo que tem a intenção de suprimir as nomeações definitivas para a grande maioria dos funcionários públicos.
Como nos parece que o exemplo não é a melhor forma de educar, mas a ÚNICA, a Escola portuguesa encontra-se, assim, num dilema. De um lado a publicitação dos grandes princípios, do outro, as práticas que – sistematicamente – os contrariam e anulam.
Como podem a escola e os seus membros promover, a tolerância, a igualdade, a solidariedade, a inclusão, as liberdades, enfim, a prática efectiva da democracia quando, na sua orgânica, se substituem órgãos efectivamente eleitos de entre os seus pares pela nomeação unipessoal baseada em critérios de confiança pessoal, política e/ou outras?
São esses os valores a inculcar nos jovens? Também o caranguejo manda os filhos caminhar em frente quando faz exactamente o inverso!
Com o devido respeito pela actividade, deve salientar-se – por muito que isso custe a muito boa gente – que uma escola não é uma tasca e não se gere com contas de merceeiro.
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